outubro 16, 2011

Quando a Esperança realidade se torna realidade

Quando a esperança se torna realidade Referência: Rute 4.1-22 INTRODUÇÃO 1. A providência carrancuda revela uma face sorridente John Piper, no seu livro O Sorriso escondido de Deus diz que por trás de toda providência carrancuda esconde-se uma face sorridente. O livro de Rute retrata essa verdade. Esse livro começa com a tristeza da morte e termina com a alegria do nascimento; começa com três funerais e termina com um casamento. Para o cristão é Deus quem escreve o último capítulo da vida. A noite escura da prova transforma-se numa manhã iluminada de gloriosa esperança. A Bíblia diz que o choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria vem pela manhã. Deus ainda continua transformando vales em mananciais, desertos em pomares e o cenário cinzento de tristeza em jardins engrinaldados de flores. Houve um tempo na vida de Jacó que ele lamentou os infortúnios da vida, dizendo: “… todas essas cousas me sobrevêm” (Gn 42.36). Jacó estava olhando o lado avesso, mas quando virou o lado direito percebeu que o plano de Deus era perfeito e tudo estava concorrendo para o seu bem. 2. As impossibilidades humanas tornam-se realidades pela ação divina O livro de Rute revela as amargas impossibilidades humanas. Noemi olhou pelo túnel do tempo e não viu nenhuma saída. Na perspectiva humana seu destino estava lavrado e a alegria não fazia mais parte do seu futuro. Mas, Deus reverteu a situação e abriu-lhe a porta da esperança. Enquanto ela pensou que Deus estava ocupado trabalhando contra ela, na verdade Deus estava agindo em seu favor. A vida cristã não é uma estrada reta rumo à glória, mas um caminho cheio de curvas e precipícios. John Bunyan expressou isso de forma inigualável no clássico O Peregrino. Há momentos que olhamos para frente, e nada enxergamos senão pontes estreitas, vales profundos e abismos imensos. Nessas horas, sentimo-nos impotentes, desanimados e chegamos até mesmo a lavrar a nossa sentença de derrota. Noemi fez isso ao retornar para Belém. Porém, os impossíveis dos homens são possíveis para Deus. Ele continua fazendo com que a mulher estéril seja alegre mãe de filhos. Deus continua levando o pobre do monturo e fazendo-o assentar-se entre príncipes. 3. O fim da linha na perspectiva humana pode ser o começo de uma linda história traçada por Deus na própria eternidade Noemi estava com os olhos embaçados pela amargura. Ela pensou que o resto de seus dias seria marcado pela tristeza. Mas, Deus tinha um plano perfeito, traçado na eternidade, que estava se desenrolando e nesse plano Noemi erguer-se-ia como protagonista de uma das mais lindas histórias. O filho de Rute com Boaz era o filho suscitado para a perpetuação da memória de Malom. Assim sendo, Obede seria mais do que um neto para Noemi, mas seu resgatador, seu consolador, a esperança da perpetuação da sua família sobre a terra. 4. Nenhum sucesso é final e nenhuma derrota é fatal Ricardo Gondim diz que ninguém chega ao sucesso e descansa, e ninguém é derrotado e se acaba, porque nenhum sucesso é final e nenhuma derrota é fatal. O futuro ainda lhe reserva surpresas. Não se deixe embriagar pelo sucesso nem deixe derrotar pelo fracasso, porque Deus é quem está dirigindo o seu viver. A vida cristã não é uma estrada reta rumo à glória, antes é uma estrada cheia de curvas e surpresas. Tanto o sucesso quanto os fracassos são passageiros. Não podemos nos envaidecer com o sucesso nem nos desesperarmos com os fracassos, pois quando pensamos que chegamos ao fim da linha, Deus nos abre uma nova porta de esperança. O capítulo quatro do livro de Rute trata de três assuntos importantes: um regaste (v. 1-9), um casamento (v. 10-12) e um descendente (v. 13-22). Vamos examinar esses três pontos e depois tirar algumas lições práticas. I. UM RESGATE (4.1-9) Boaz afeiçoou-se a Rute desde o primeiro momento que a encontrou. Ele era um homem rico, piedoso, e legalmente qualificado para ser o resgatador da família. Boaz já havia dado abundantes provas do seu amor por Rute e ela sabia disso. Por sua vez Rute já havia feito o pedido formal de casamento a Boaz e ele estava empenhado em resolver a questão, pois na lista dos parentes próximos havia um homem que tinha preferência para resgatá-la e casar-se com ela. Boaz demonstra grande empenho no processo de ser o resgatador de Noemi, com vistas ao seu casamento com Rute. Vejamos alguns pontos: 1. Boaz tem pressa (4.1) Noemi que conhecia bem a natureza masculina, pois tivera três homens em sua família sabia que Boaz não descansaria até resolver a pendência com o outro candidato (3.18). Agora, Boaz assentou-se à porta da cidade esperando encontrar-se com ele. Boaz é um homem decidido, resolvido, e tem pressa para agir. Ele não adia aquela decisão. Ele tem todo o interesse do mundo em desembaraçar-se para consumar o seu projeto de casar-se com Rute. Se a precipitação é um mal que devemos evitar, a indecisão é outro erro que não podemos cometer. A liberdade de decidir é uma faculdade fundamental na vida humana. Na verdade somos escravos da nossa liberdade. Não podemos deixar de decidir. Somos como um homem dentro de um bote correnteza abaixo. Podemos decidir pular do bote e nadar para a margem do rio. Podemos decidir remar e alcançar um lugar seguro. Podemos fingir que não há perigo à frente e dormir passivamente dentro do bote. Podemos fazer muitas outras coisas. Só uma coisa não podemos deixar de fazer. Não podemos deixar de tomar uma decisão. A indecisão também é uma decisão. A decisão é a decisão de não decidir. E quem não toma decisão, decide fracassar. 2. Boaz tem compromisso com a justiça (4.1) O portão da cidade era não apenas a entrada oficial da cidade, mas um lugar público, onde as questões legais eram resolvidas. Keil e Delitzsch dizem que o portão era um espaço aberto diante da cidade, o fórum da cidade, o lugar onde os negócios públicos da cidade eram discutidos. Naquele tempo o tribunal não funcionava num prédio, mas no portão da cidade. Leon Morris diz que o portão desempenhava papel importante nas cidades do antigo Judá. O portão era o centro da vida da cidade. Era o lugar de qualquer assembléia importante (1Rs 22.10). O portão era o lugar dos processos legais (2Sm 15.2). As pessoas eram condenadas diante dos “anciãos da cidade, à porta” (Dt 22.15). O portão é mencionado em conexão com execuções (Dt 22.24). A suprema tragédia de uma cidade era quando “os anciãos já não se assentam na porta” (Lm 5.14). David Atkinson nessa mesma trilha de pensamento, falando sobre a importância do “portão” da cidade, diz que junto à porta os pobres aguardavam auxílio (Pv 22.22). Ali eram feitos os negócios (Gn 23.10). Era à porta da cidade que os anciãos da sociedade se reuniam (Pv 31.23), como também os príncipes e os nobres, os jovens e os velhos (Jó 29.7-10). Boaz estava ali no portão da cidade para tratar do assunto legalmente. Ele queria casar-se com Rute, mas não queria um concubinato, mas um casamento legal. Boaz também estava disposto a ser o remidor de Noemi, mas queria fazer as coisas de forma legal e transparente. De acordo com a lei de Moisés, a terra não podia ser vendida em perpetuidade, por ser ela possessão do próprio Deus. Assim está escrito: “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos. Portanto, em toda a terra da vossa possessão dareis resgate à terra. Se teu irmão empobrecer e vender alguma parte das suas possessões, então, virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que seu irmão vendeu” (Lv 25.23-25). Noemi era pobre e não podia reter suas terras. Contudo, a solene obrigação da família era cuidar que a propriedade não se perdesse. 3. Boaz tem prudência (4.2) Boaz não vai sozinho conversar com o outro parente de Noemi, mas convida dez anciãos para serem testemunhas da conversa. David Atkinson diz que os anciãos geralmente confirmavam os contratos e acordos comerciais atendendo a este convite formal para “testemunhar”: uma função importante na vida comercial do povo, que conferia autoridade contratual às transações. Os anciãos de uma cidade eram particularmente encarregados da jurisdição nas questões de direitos de família tais como o levirato (Dt 25.7-9). Esses anciãos exerciam uma função jurídica e legal. Eles eram uma espécie de tabeliões. Exerciam o papel de juízes. O acordo firmado tinha validade legal. Boaz toma toda a precaução para agir com pressa, mas também para agir com segurança e prudência. 4. Boaz tem integridade (4.3,4) Boaz não sonega informação nem esconde a verdade. Ele informa ao outro parente de Noemi que este tinha preferência no resgate. Embora, o próprio Boaz estivesse interessado em fazê-lo não criou mecanismos ilícitos para ludibriar o outro nem tentou subornar os anciãos para colocar o seu nome na frente da lista. Integridade moral era uma marca distintiva de Boaz. Leon Morris diz que esse outro remidor não é figura importante. Ele aparece apenas para renunciar seu direito sobre Rute, e em seguida desaparece. Assim, não importa seu nome. Permanece o fato instrutivo de que aquele que estava ansioso pela preservação de sua própria herança, agora não é conhecido nem pelo nome. 5. Boaz tem sabedoria (4.5,6) Boaz demonstra tato na forma de apresentar a situação ao concorrente. Rowley chama essa estratégia de Boaz de “golpe de mestre”. Ele apresentou o assunto em duas etapas. Ele colocou primeiro o resgate das terras de Noemi e só depois, revelou que no pacote havia também a necessidade de desposar Rute, a viúva moabita para suscitar um descendente e herdeiro a Malom. O importante aqui era a perpetuação do nome do falecido, o que se faria mediante um filho que receberia suas terras. Aqui transparece o profundo interesse pessoal de Boaz por Rute. Boaz engendrou esta trama para poder se casar com ela, mencionando primeiro a terra, e Rute, depois. E o seu “golpe de mestre” funcionou. Ele habilmente usou as possibilidades da lei, colocando o parente mais achegado numa posição impossível. O remidor anônimo percebeu que tinha duas responsabilidades e não uma só, e que as duas estavam interligadas. Ele não poderia aceitar uma sem a outra. A estratégia de Boaz funcionou. O homem desistiu de resgatar as terras de Noemi e de casar-se com Rute abrindo o caminho para Boaz cumprir o seu sonho. Um resgatador era alguém que tinha de estar interessado nos necessitados e ser capaz de ajudá-los. De igual forma, devia estar pronto a se sacrificar para fazer isso. Não se tratava de um obrigação, mas, sim, de um ato de amor. O outro resgatador percebeu que se ele redimisse o campo de Noemi não teria aumento de sua propriedade, ao contrário, uma diminuição do seu patrimônio, visto que ele terá de pagar pela terra, que não passará a pertencer à sua família, mas ao filho de Rute. Neste caso, ele tinha de comprar o campo e, além disso, sustentar Rute. As despesas poderiam ser bem elevadas. O remidor certamente estava disposto a comprar o campo, sem casar-se com Rute. Ele não estava disposto a fazer ambas as coisas. 6. Boaz tem zelo com a legalidade (4.7-9) A decisão de resgatar as terras de Noemi tem dois procedimentos legais: a desistência formal do outro concorrente com a cerimônia de tirar o calçado (4.7,8) e a confirmação da compra das terras de Noemi diante de testemunhas (4.9). A cerimônia de tirar o sapato era uma transferência de direitos, não de propriedade. Boaz era um homem que vivia dentro da legalidade. Ele respeitava as leis vigentes. Sua riqueza não foi granjeada de forma ilegal. Ele era um homem piedoso e íntegro. Ele tinha um relacionamento certo com Deus e com os homens. II. UM CASAMENTO (4.10-12) O casamento de Boaz com Rute tem muitos aspectos cheios de encanto e beleza. Vamos destacar alguns desses aspectos: 1. Foi um casamento providenciado por Deus (2.20) Rute antes de buscar um marido, buscou a Deus. Antes de buscar um lar, ele buscou abrigo debaixo das asas de Deus. O encontro de Rute com Boaz foi casual na perspectiva humana, mas agendado pela providência divina (2.20). A Bíblia diz que a esposa prudente é presente de Deus. A Bíblia diz: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração” (Sl 37.4). 2. Foi um casamento precedido por um belo relacionamento (2.10-12; 3.9-14) Boaz sempre tratou Rute com cavalheirismo, honra, gentileza e amor desde o primeiro encontro. Embora tenha se afeiçoado a ela desde o começo, jamais se aproveitou dela. O caminho para um casamento feliz precisa ser pavimentado por atitudes nobres. Onde se vê sinais de desrespeito, há prenúncios de relacionamentos desastrosos. Não houve intimidade física no relacionamento de Rute com Boaz antes do casamento (3.14). Eles só tiveram relacionamento sexual depois de casados (4.13). Esse é um princípio importante que está sendo desprezado pela sociedade contemporânea. O sexo é santo, é bom e prazeroso. Ele foi criado por Deus para ser plenamente desfrutado no contexto do casamento (Hb 13.4; Pv 5.15-19). Porém, a prática do sexo antes do casamento (1Ts 4.3-8) e fora do casamento (Pv 6.32) traz sofrimento e juízo. 3. Foi um casamento grandemente desejado por ambos (3.9; 3.11; 4.10,11) O casamento não é um contrato temporário e experimental. É uma aliança para a vida toda. Não é sensato ir para o casamento com indecisão e insegurança. Ricardo Gondim em seu livro Creia na Possibilidade da Vitória fala sobre o amor de Boaz por Rute e diz que o verdadeiro amor se concretiza com gestos com a mesma profundidade que é proclamado pelos lábios. O verdadeiro amor procura legitimar-se sem relutância. Ele descarta os riscos e paga qualquer preço. O verdadeiro amor não teme assumir compromissos. Hoje temos muitas palavras bonitas e pouco compromisso. Os vestidos das noivas estão ficando cada vez mais alvos e a pureza cada vez mais ausente. Os véus das noivas estão ficando cada vez mais longos e os casamentos cada vez mais curtos. Hoje, vemos ardentes paixões, mas pouca paciência; muitas promessas, mas poucos votos cumpridos. Vemos muitos que começam um casamento sem reflexão, mas poucos que investem nele com sincera devoção. 4. Foi um casamento apoiado pela família (3.1-5,18) Rute não se casa com Boaz contra a vontade de Noemi. Sua sogra é sua conselheira e ela é sua discípula. O casamento de Rute com Boaz é alvo de oração e de regozijo na família. Esse é um dos principais princípios ainda hoje. O casamento não deveria ser uma decisão apenas dos dois que se casam, mas uma decisão maior em que toda a família fosse envolvida. Casar-se contra a vontade dos pais é tomar uma decisão para o desastre. 5. Foi um casamento público (4.10,11) O casamento de Boaz e Rute foi um ato público e legal, feito perante os anciãos e juízes da cidade. Isso significa que ele casou-se de acordo com as leis vigentes da época. Nos dias de hoje, muitos consideram o casamento apenas como uma aliança particular entre duas pessoas, que pode ser feita (e até mesmo desfeita) à vontade delas, por sua escolha pessoal. Porém, o caso deve ser uma aliança pública. Hoje, muitas pessoas estão desprezando o casamento civil, dizendo que papel não tem nenhum valor. Mas, o casamento é um contrato legal antes de ser uma união física. O princípio bíblico é claro: “Por isso, deixa o homem seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Antes da união, deve existir um deixar pai e mãe. Esse é o lado legal da relação. Hoje, os jovens estão se unindo sexualmente para depois deixar pai e mãe. Isso é uma inversão do princípio estabelecido pro Deus. David Atkinson escreve sobre esse aspecto legal do casamento, O “deixar pai e mãe” é uma declaração pública de que o casamento está sendo feito. É a ocasião na qual o casal recebe junto o apoio público dos seus amigos e da sociedade na nova unidade social que estão criando. É a ocasião em que o casal também aceita sua vocação para ser uma nova unidade dentro da sociedade. O casamento coloca marido e mulher num posto de responsabilidade para com o mundo e a humanidade. O seu amor é propriedade particular de ambos, mas o casamento é uma coisa mais do que pessoal: é um status, um cargo que os liga um ao outro à vista de Deus e dos homens. O testemunho público sempre fez parte da aliança. Ele serve como um contraforte no casamento contra a desintegração nos períodos quando o relacionamento está sob tensão. Os votos assumidos na cerimônia de casamento não são um mero assunto particular, mas foram assumidos e testemunhados publicamente. A importância da celebração do casamento não deve ser desprezada, pois são festivais que celebram o começo de uma nova aventura. Diz o texto que todo o povo estava presente, não apenas para testemunhar, mas para fazer orações. 6. Foi um casamento proposital (4.10) O principal propósito de um casamento no regime do levirato era suscitar um descendente ao marido morto. A família de Elimeleque estava nenhuma semente que pudesse germinar na terra. Ele morreu e seus dois filhos também morreram sem deixarem descendentes. Agora, Boaz se casa com Rute com o propósito de suscitar o nome de Malom sobre a sua herança para que seu nome não fosse exterminado dentre seus irmãos e da porta da sua cidade. 7. Foi um casamento abençoado pelas testemunhas (4.11,12) Os anciãos de Belém rogaram três bênçãos especiais sobre o casamento de Boaz e Rute. Em primeiro lugar, eles pediram que Rute fosse uma mulher fértil (4.11). Os estudiosos acreditam que Rute além de moabita era também estéril, pois somos informados que ela passou quase dez anos casada com Malom em Moabe sem ter filhos (1.4,5). Os anciãos estão pedindo a Deus que ela fosse como Raquel e Lia, as únicas esposas de Jacó, as progenitoras de toda a nação. Raquel também era estéril e Deus a curou. Quando Rute concebeu, somos informados que foi o Senhor que lhe concedeu que concebesse (4.13). Há orações em favor de Rute para que ela se torne antepassada de uma raça famosa. Que ela tenha muitos descendentes dentro da família e dos propósitos de Deus. Em segundo lugar, eles pediram que Boaz fosse um homem próspero (4.11). Boaz já era senhor de muitos bens (2.1). Mas, agora, os anciãos estão abençoando sua vida e rogando a Deus que ele seja afamado em sua cidade. Que ele adquira poder e fama. Que através deste casamento com Rute, a própria família de Boaz também seja estabelecida. Em terceiro lugar, eles pediram que a casa de Boaz fosse como a casa de Perez. Perez foi filho de Judá, ancestral de Boaz e principal tronco da tribo que trouxe ao mundo o grande rei Davi e o Messias, o Salvador do Mundo. Leon Morris diz que Perez era, aparentemente, o mais importante dos filhos de Judá. Aparentemente, a Tribo de Judá dependia dos descendentes de Perez, mais do que dos outros. Perez foi um dos ancestrais de Boaz e, assim, alguém muito oportuno para ser mencionado. Na verdade, parece que Perez foi o ancestral dos belemitas, em geral. III. UM DESCENDENTE (4.13-22) O livro de Rute termina colocando os holofotes no descendente. Obede, o filho de Rute e Boaz passa a ter um papel importante na conclusão do livro. Alguns pontos merecem destaque. 1. O descendente é visto como dádiva de Deus (4.13) A Bíblia diz que os filhos são herança de Deus. Eles são dádivas do Senhor. Eles não são um acidente, mas presentes do céu. Pode ser que os pais não planejam os filhos ou até não queiram ter os filhos, mas eles são concedidos por Deus. Olhar para os filhos nessa perspectiva faz toda a diferença. Leon Morris diz que por todo o livro de Rute persiste o pensamento de que Deus está acima de tudo, e faz cumprir sua vontade. Os anciãos e as demais pessoas consideravam os filhos como dádivas de Deus (4.12). David Atkinson diz que se há um tema que domina o livro de Rute acima dos outros, é o da providência soberana de Deus e da nossa dependência dele como humanos. Deus é a fonte da vida. A vida, assim como suas bênçãos, é um dom da sua mão. E particularmente aqui a concepção de um filho é entendida como um dom de Deus. Olhando para esse aspecto da concepção como um dom de Deus, o debate sobre o aborto deveria ganhar uma dimensão mais ampla. A interrupção da vida não deveria ser apenas uma discussão entre o médico e a mãe. Trata-se de uma nova vida, obra prima das mãos de Deus. Warren Wiersbe diz que nos Estados Unidos a cada ano, um milhão e meio de bebês são legalmente mortos ainda no ventre, e seus pedaços são removidos como se fossem tumores cancerosos. Uma enfermeira cristã comentou: Numa parte de nosso hospital trabalhamos dia e noite para manter os bebezinhos vivos. Em outra parte, matamos essa crianças. 2. O descendente é visto como um presente para sua família (4.14-17) John Piper, pregando sobre este texto, diz que o foco nos versículos 14 a 17 não é sobre Rute nem sobre Boaz, mas sobre Noemi. E por que? Porque voltou para Belém amargurada e não feliz (1.20). Ela voltou para Belém pobre e não próspera (1.21). Ela voltou para Belém olhando para Deus como inimigo e não como ajudador (1.21b). Ela voltou para Belém vendo a Deus como flagelador e não como consolador (1.21c). O livro de Rute mostra que a vida do justo não é uma pista reta rumo à glória, mas uma estrada cheia de curvas e surpresas. A história do livro de Rute começou com as perdas de Noemi e termina com os ganhos de Noemi. A história começa com morte e termina com nascimento. Um filho para quem? O versículo 17 diz: “As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi”. As mulheres disseram que um filho nasceu a Noemi e não a Rute. Por que? Para mostrar que o que Noemi havia dito acerca de Deus não era verdade (1.21). Se tivermos mais paciência para esperarmos o tempo oportuno de Deus veremos que ele trabalha para nós e não contra nós. Não, Noemi não voltou pobre e vazia para Moabe (1.21). Foi Deus quem deu Rute a Noemi. Essa jovem viúva moabita disse para sua sogra: “… o teu Deus é o meu Deus” (1.16). Rute veio a Belém com Noemi para buscar abrigo sob as asas de Deus (2.12). Foi o próprio Deus quem trouxe Rute a Belém para abençoar a vida de Noemi. Noemi não está percebendo, mas é Deus quem a está conduzindo a esse destino feliz. Noemi deu a impressão que não havia nenhuma esperança de Rute casar-se em Belém para suscitar um descendente à linhagem da sua família (1.12). Mas, foi Deus quem preservou Boaz, um homem rico, piedoso e parente da família, para casar-se com Rute. A própria Noemi precisa render-se a essa evidência (2.20). Noemi reconheceu que por trás daquele encontro casual de Rute com Boaz estava a bendita providência divina que não se esquece de sua benevolência com os vivos nem com os mortos. Em toda perda que o povo de Deus suporta na vida, Deus a transforma em ganho. Foi Deus quem abriu o ventre de Rute para conceber. Foi Deus quem concedeu a Rute conceber e ter um filho (4.13). Ela foi alvo das orações dos anciãos da cidade nesse sentido (4.11). Continuamente Deus está trabalhando em favor de Noemi para provar-lhe seu favor. Quando ela perdeu seu marido e filhos, Deus deu a ela Rute. Quando ela pensou num resgatador, Deus deu a ela Boaz. Quando Rute casou-se com Boaz, Deus deu a ela um filho. 3. O descendente é visto como uma fonte de alegria para seu lar (4.14-17) O neto de Noemi é alvo das orações das mulheres de Belém. Ele seria o resgatador de Noemi (4.14). A sua família se perpetuaria na terra por intermédio dele. Nesse sentido não foi Boaz o goel de Noemi, mas seu neto. Foi ele quem fez perpetuar o nome da família de Noemi sobre a terra e foi seu arrimo na velhice.23 Também, ele teria um nome afamado em Israel, para além das fronteiras da sua cidade (4.14b). Obede, ainda, seria o restaurador da vida de Noemi (4.15). Seria seu arrimo, seu provedor, seu sustentador. Finalmente, Obede seria o consolador da velhice de Noemi (4.15b). Noemi não teria uma velhice amargurada. Seus melhores dias não estavam enterrados no passado, mas estavam pela frente. 4. O descendente cresce numa família onde reina amor e harmonia (4.15,16) Há duas coisas importantes aqui dignas de nota: Em primeiro lugar, Rute ama sua sogra e lhe é melhor do que sete filhos (4.15). Transborda em todo o livro o belíssimo relacionamento entre Rute e Noemi. Agora, as mulheres da cidade dão um testemunho público acerca do amor de Rute pela sogra. E acrescentaram: “… pois tua nora, que te ama [...] te é melhor do que sete filhos” (4.15). Leon Morris diz que o tributo ela te melhor do que sete filhos é extraordinariamente relevante em face do valor comumente atribuído aos homens, em comparação com as mulheres. A ambição de todos os casados era uma prole masculina numerosa; assim, falar de Rute, como sendo mais valiosa para Noemi do que sete filhos (a expressão proverbial para a família perfeita) é o supremo tributo. Em segundo lugar, Noemi cuida do neto sem qualquer atitude de ciúmes de Rute (4.16). Noemi não apenas tem a alegria de receber um neto, mas o privilégio de cuidar dele. Rute não tentou afastou o filho da avó, ao contrário, deu-lhe liberdade para instruí-lo. Noemi esperava amargar uma velhice solitária, quando perdera o marido e os filhos. Com a chegada do neto, ela voltou a ter uma família. Era amada, e tinha um lugar de honra. O bebê, num certo sentido, simbolizava tudo isto, e Noemi dedicou-se a ele. 5. O descendente trará ao mundo uma semente abençoada (4.17-22) Todo bebê nascido neste mundo é um voto em favor do futuro. Ao segurar um bebê, se segura o futuro nos braços. O livro de Rute conclui com uma curta genealogia, ligando Perez (filho de Judá) com Davi. Obede, filho de Rute e Boaz, torna-se o pai de Jessé e Jessé, o pai de Davi, o maior rei de Israel. O próprio Messias viria ao mundo mil anos depois do grande monarca, sendo chamado de Filho de Davi. O autor do livro de Rute não olha apenas para Obedece. Ele levanta seus olhos e vê mais além. Ele olha para a história da redenção. Deus não estava trabalhando apenas para prover bênçãos materiais a Noemi, Rute e ao povo de Belém. Ele estava preparando o cenário para a chegada de Davi, o maior rei de Israel. O nome de Davi trazia consigo a esperança do Messias num novo tempo de paz, justiça e liberdade, onde o pecado e a morte seriam vencidos. A história do livro de Rute abre as cortinas da esperança nos aponta para Jesus! Leon Morris nessa mesma linha de pensamento, escreve: O propósito do casamento de Boaz com Rute era conduzir, no devido tempo, ao grande rei Davi, o homem segundo o coração de Deus, o homem em quem os propósitos de Deus foram executados de modo extraordinário. Estes acontecimentos em Moabe e Belém desempenharam seu papel em conduzir àqueles que redundariam no nascimento de Davi. Os crentes considerarão, também, cuidadosamente, a genealogia que aparece no começo do evangelho de Mateus, e refletirão que a mão de Deus cobre a história toda. Ele executa seu propósito, geração após geração. Visto que somos limitados a uma única vida, cada um de nós vê apenas um pouquinho daquilo que acontece. Uma genealogia é maneira extraordinária de trazer diante de nossos olhos a continuidade dos propósitos de Deus, através dos tempos. O processo histórico não é casual. Há um propósito em tudo. Esse propósito é o propósito de Deus. As dez pessoas cuja genealogia é registrada nos últimos cinco versículos do livro de Rute podem ser encontradas na passagem de Mateus 1.3-6 como formadores de elos importantes na linhagem do Messias. Assim, os nomes que aparecem na genealogia desde Perez até Davi (4.18-22) são os mesmos que aparecem na genealogia de Jesus, conforme o relato de Mateus (Mt 1.1-6). Assim, o livro de Rute deseja nos ensinar que o propósito de Deus para a vida do seu povo é conectado com alguma coisa maior do que nós mesmos. Deus deseja que saibamos que quando andamos com ele nossa vida sempre significa mais do que pensamos que ela significa. Para o cristão sempre haverá uma conexão entre os eventos ordinários da vida e a estupenda obra de Deus na história. O livro de Rute aponta para Davi. Davi aponta para Jesus e Jesus aponta para a glória final, quando reinaremos com ele na glória eterna, onde Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima (Ap 21.4). Que possamos como Rute declarar a nossa disposição e obediência amorosa em aceitar o gracioso convite de Deus para desfrutar do nosso lugar sob o refúgio de suas asas. O melhor ainda está por vir. Esta é uma gloriosa verdade a seu respeito, se você anda com Deus. IV. LIÇÕES PRÁTICAS DO TEXTO 1. Você tem um grande valor para Deus Não importa sua nacionalidade, sua família, sua cultura, seus bens, você tem um grande valor para Deus. Sua vida pode não ter sido planejada pelos seus pais, mas foi planejada por Deus. Você não veio ao mundo pelo acaso. Há um plano perfeito e um propósito eterno que rege sua vida. Rute era uma viúva moabita. Além de estrangeira era pobre e desamparada. Deus providenciou para ela não apenas uma família e riquezas, mas perpetuou seu nome, fazendo dela a genitora de uma abençoada descendência. Aquela viúva que viveu em tempos tão remotos tem seu nome relembrado com honra por gerações sem fim. 2. O casamento é uma grande fonte de bênção quando feito dentro da vontade de Deus Boaz era um homem rico, mas sua vida carecia de um propósito maior. Antes de Rute Boaz trabalhava, ganhava dinheiro, vivia bem, mas não tinha um propósito. O casamento nos dá um elevado propósito para viver. Boaz, tão logo conheceu Rute buscou esse propósito com todas as forças da sua alma. Seu casamento abriu novos horizontes para intervenções gloriosas de Deus. Por outro lado, nada é mais frustrante do que um casamento feito às pressas, sem reflexão, sem apoio da família, sem alegria das testemunhas, sem convicção do amor. O casamento pode ser um jardim marchetado de flores ou um deserto árido. O casamento pode ser como um vôo de liberdade ou uma prisão torturante. 3. Os filhos são presentes de Deus Os filhos são herança de Deus. Eles valem mais do que as riquezas. Logo que Obede nasce o texto silencia a respeito dos bens de Boaz. Nada se compara a riqueza que os filhos representam. A chegada de Obede foi celebrada com mais alegria do que as abundantes colheitas de tribo. Pessoas valem mais do que coisas. Os filhos valem mais do que o dinheiro. O nosso maior investimento deveria ser nos relacionamentos. Nenhum sucesso compensa o fracasso no relacionamento com os filhos. 4. A vida deve ser vida com a eternidade em perspectiva A última palavra do livro de Rute é DAVI. Noemi, Rute e Boaz não viveram em vão porque eles fizeram parte de um propósito divino. O destino deles estava sendo conduzido pelo céu e não pela terra. Tinha sido desenhado na eternidade e não no tempo. O casamento de Rute com Boaz que trouxe ao mundo Davi desembocou no próprio Messias. O casamento de Rute aconteceu em Belém. Davi nasceu em Belém. Jesus nasceu em Belém e de Belém esparramou-se a salvação de Deus para todos os povos. Hoje, você pode não entender os planos de Deus na sua vida. Hoje as providências de Deus podem parecer carrancudas e assustadoras para você. Mas, no andar de cima, na sala de controle do universo, as coisas estão meticulosamente planejadas e determinadas. E Deus as levará a cabo para o seu bem, para a glória do seu próprio nome. Hoje seus problemas podem parecer intrincados, difíceis e você pode pensar em dizer: “Não tem jeito!” Mas, olhe na perspectiva da eternidade e entenda que Deus quer transformar sua vida em algo extraordinário. 5. O melhor de Deus ainda está por vir Nós não caminhamos como os discípulos de Emaús para o entardecer da história. Não estamos fazendo uma viajem rumo ao ocaso. Nossa jornada é para o romper da alva. O fim da nossa jornada não será um túmulo frio coberto de pó, mas uma eternidade cheia de glória, onde reinaremos para sempre com Cristo. Aqui, como Rute, cruzamos vales e montes, atravessamos pontes estreitas e pântanos lodacentos. Aqui nosso corpo é surrado pela doença e até tomba pela fúria implacável da morte. Mas, a morte não tem mais a última palavra em nossa. Seguimos as pegadas daquele que arrancou o aguilhão da morte. O nosso Redentor é a Ressurreição e a Vida. Não estamos viajando num bonde que se afundará nas águas encapeladas do mar da vida. Em breve, a trombeta de Deus soará. Em breve, a voz do arcanjo será ouvida. Em breve todos os inimigos serão colocados debaixo dos pés do nosso Senhor. Em breve todo joelho se dobrará e toda língua confessará que ele é Senhor. Em breve, deixaremos esse corpo de humilhação e seremos revestidos com um corpo de glória. Em breve, estaremos para sempre com o Senhor. Não importa se agora o caminho é estreito. Não importa se os inimigos são muitos e estão furiosos contra nós. Nosso destino é glória e é o nosso próprio Senhor vitorioso que nos conduzirá ao lar! Imprimir este artigo.esperança, realidade, Rute

A felicidade no lar

O lar, fonte de grande alegria
Referência: Rute 3.1-18

INTRODUÇÃO

Warren Wiersbe afirma corretamente que o livro de Rute é muito mais do que o relato do casamento de uma estrangeira rejeitada com um israelita respeitado. Também é um retrato do relacionamento de Cristo com sua igreja. O casamento é um estado honroso. Ele foi instituído por Deus para a felicidade do ser humano. Devemos orar fervorosamente, pedindo a orientação de Deus para esta decisão vital da vida. Os pais devem aconselhar cuidadosamente seus filhos acerca deste importante assunto para que sejam bem-sucedidos. O casamento pode ser um canteiro engrinaldado de flores ou um deserto árido; pode ser uma fonte de alegria, um poço de amargura; pode ser um antegozo do céu ou o prenúncio do tormento do inferno.

O casamento está sendo ameaçado por muitos inimigos. O homem contemporâneo está banalizando essa sacrossanta e vetusta instituição divina. Faz-se mais apologia do divórcio do que acerca do casamento. Os casamentos mais decantados e badalados pela imprensa estão ruindo antes mesmo de lançar suas raízes. Multiplicam-se os casos de infidelidade e o número de divórcios. Poucos casais estão dispostos a enfrentarem juntos os desafios da vida e vencerem juntos as crises próprias da vida conjugal.

Nesse contexto turbulento, a mensagem do livro de Rute é de vital importância. O casamento foi planejado por Deus para ser uma fonte de alegria e não um flagelo para a alma. O cônjuge deve ser um aliviador de tensões e não um verdugo emocional. A vida conjugal deve erigida sobre o sólido fundamento do amor puro e não sobre os rotos fundamentos da paixão carnal.

Antes de entrarmos na exposição do capítulo três de Rute, à guisa de introdução, destacamos três pontos importantes:

1. As tragédias que nos atingem não têm a última palavra em nossa vida

O livro de Rute fala da saga de uma família temente a Deus que num tempo de fome deixou a sua cidade em busca de sobrevivência e encontrou a própria morte.

Elimeleque, Noemi, Malom e Quiliom eram pessoas abastadas, que moravam em Belém, a Casa do Pão (1.1,2). Eles pertenciam à aristocracia de Belém e tinham uma vida abastada. Aquele era o tempo dos juízes, uma época de crises repetidas e de grande instabilidade política, econômica, moral e espiritual. Cada um seguia o seu próprio caminho. O povo andava errante e sem o norte da verdade. Nesse tempo faltou pão na Casa do Pão. Em vez de buscar a direção de Deus, essa família foge para Moabe. Buscando, segurança, encontraram a doença. Correndo atrás da vida, toparam com a própria morte. Em Moabe Elimeleque, Malom e Quiliom buscaram a sobrevivência e encontraram a morte. Eles não encontraram a prosperidade, mas uma sepultura.

Agora Noemi ficou só, desemparada, com duas noras viúvas, em terra estrangeira. Mas, houve um rumor em Moabe de que Deus visitara o seu povo, dando-lhe pão (1.6). Para Noemi não era apenas uma questão econômica ou um novo horizonte social que se despontava, mas uma visitação de Deus. Ela olhava para a vida na perspectiva de Deus.

Nessa volta à sua terra, sua nora Rute voltou com ela e fez com ela uma aliança. Prometeu segui-la pelos caminhos da vida e da morte. Prometeu ser fiel a ela, a seu povo e ao seu Deus (1.16,17). Aqui começa uma das mais belas histórias da Bíblia. A carranca da tragédia abre um largo sorriso para aquelas duas viúvas pobres. Do meio da escuridão brota uma luz aurifulgente. A pobreza extrema vislumbra a chegada de uma grande riqueza. A solidão acachapante defronta-se com a vida mais plena de alegria. Noemi vislumbrou um novo horizonte na vida de Rute que mudaria para sempre sua vida. Essa mudança radical e bendita passaria pela experiência do casamento de Rute com Boaz. Noemi buscou um lar para a sua nora (3.1). Ela queria que sua nora se casassee, fosse feliz e tivesse um filho para perpetuar a memória de sua família.

2. O choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria vem pela manhã

A crise não dura para sempre. A vida não é feita só de turbulências. Depois da tempestade vem a bonança. Depois do choro vem a alegria. Depois da dor vem o refrigério. Depois de anos de tristeza uma porta se abre para Rute e Noemi e um novo futuro se descortina diante dos seus olhos. Deus não apenas preparou um marido para Rute, mas um remidor para ambas. Deus não apenas deu um lar a Rute, mas um lar feliz. Deus não apenas fez dela uma mulher rica, mas a avó do grande rei Davi e a ancestral do Messias (4.17; Mt 1.5).

3. A felicidade não é um lugar aonde se vai, mas uma maneira como se caminha

Muitos buscam a felicidade com sofreguidão e não a encontram, porque ela não é um fim em si mesma. A felicidade não está aqui, ali, ou alhures. A felicidade tem muito mais a ver como a maneira com se caminha do que com o lugar aonde se chega. Rute buscou abrigo sob as asas de Deus e ele satisfez os desejos do seu coração. A Palavra de Deus diz: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração” (Sl 37.4).

Não há nada de errado em desejar a felicidade. Deus nos criou para a experimetarmos em sua plenitude. O problema é nos contentarmos com uma felicidade mundana, carnal e passageira. Deus nos criou para o maior de todos os prazeres: conhecê-lo e amá-lo. O maior de todos os prazeres da vida é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Esse é o maior propósito da existência humana. Esse é o fim principal do homem. Deus é o nosso maior deleite. Nele e só nele a felicidade pode tornar-se realidade. Rute buscou a Deus e ele lhe deu um lar e a fez feliz.

Neste texto vamos examinar algumas lições sobre como ter felicidade no lar:

I. A NOSSA FELICIDADE PRECISA SER CONSTRUÍDA A PARTIR DO LAR (3.1-5)

1. A felicidade não é um fim em si mesmo (3.1)

Muitas pessoas buscam a felicidade como se ela fosse um tesouro que se descobre no fim da jornada. Mas a felicidade é conhecida em como se vive mais do que aonde se chega. Fernão Dias Paes Leme, o bandeirante das Esmeraldas, emprenhou-se nas matas em busca das encantadoras pedras verdes. Fez dessa busca a maior obsessão da sua vida. No final, com um embornal cheio de pedras, mas com os dedos crispando de febre, caiu ao chão no estertor da morte, apertando a sacola de pedras contra o peito, como que desejando enterrá-las em seu coração. Pobre homem! O brilho das pedras não puderam satisfaze-lhe a alma nem bafejar seu coração da verdadeira felicidade.

Muitos buscam a felicidade no lugar errado: no dinheiro, no poder, na fama, no sucesso. Muitas pessoas chegam ao topo da pirâmide social, mas continuam infelizes. Deus colocou a eternidade no coração do homem e coisas não podem satisfazê-lo. Há um vazio dentro do homem que nada neste mundo pode preencher.

O rei Salomão distorceu como ninguém o sentido do casamento e da família. Ele teve mil mulheres: setecentas princesas e trezentas concubinas. Mas, longe de encontrar a felicidade nessa multiplicidade de relacionamentos, encontrou a decepção. Esse rei que granjeou riquezas e acumulou muitos tesouros buscou a felicidade na bebida, no dinheiro, no sexo e na fama. Porém, tudo o que encontrou foi a vaidade (Ec 2.1-11). A palavra “vaidade” significa bolha de sabão. Tem colorido, mas não conteúdo; é bonito aos olhos, mas vazio de conteúdo.

2. A felicidade não pode ser construída à parte da família (3.1)

Muitas pessoas querem a felicidade a qualquer preço. Muitos buscam construir sua felicidade sobre os escombros da infelicidade alheia. Querem uma felicidade egoísta, uma felicidade no pecado, uma felicidade que custa o casamento e a vida dos filhos. Essa felicidade dura pouco e no fim tem um sabor amargo.

Quantas pessoas que na busca da riqueza, esquecem o cônjuge e abandonam os filhos. Quantos que traem os votos firmados no altar, quebram as promessas feitas na presença de Deus e rompem com a aliança do matrimônio para viverem aventuras pejadas de paixão. Nessa corrida ensandecida pisam no cônjuge, ferem a família, esmagam emocionalmente os filhos e deixam para trás um rastro inglório de grandes infortúnios. O diabo é um estelionatário e o pecado é um fraude. O pecado não compensa. O prazer que ele oferece tem cheiro de enxofre. A morte está presente no DNA do pecado. Assim como é impossível colher figos dos espinheiros, também é impossível experimentar a verdadeira felicidade no pecado. Nenhum sucesso compensa o fracasso da família.

Muitos se deixam seduzir pelo fascínio da riqueza, e acabam levando sua família para a destruição. O filme O Advogado do Diabo retrata em cores vivas o perigo de se inverter as prioridades da vida, sacrificar o casamento e tripudiar sobre os valores absolutos para alcançar riqueza. O fim dessa linha é a dor, a frustração e a morte.

3. As pessoas mais felizes são aquelas que entenderam que a felicidade precisa ser centrada na família (3.1)

A Bíblia diz que Ló na busca da riqueza, levou sua família para Sodoma e lá perdeu não só suas riquezas, mas também sua família. Davi para satisfazer um desejo sexual proibido com Bate-Seba, afundou sua família num mar de sangue, de conspirações e mortes. Salomão na busca da felicidade em seus múltiplos casamentos, perdeu seu coração e sua fé genuína em Deus.

A verdadeira felicidade deve ser construída em torno da família. É melhor ser pobre havendo harmonia no lar do que celebrar banquetes com contenda. Melhor é o bom nome do que a riqueza. A mulher virtuosa vale mais do que finas jóias. Um casamento feliz é mais excelente do que a mais pujante fortuna. John Rockfeller disse que nunca havia conhecida tão pobre como aquele que só possuia dinheiro. O dinheiro em si não traz felicidade. As pessoas mais felizes não são aquelas que mais têm. As mais mais felizes não são aqueles que vivem empavonadas, mas aquelas que chegam em casa com a roupa suja de graxa. Nada se compara a uma família unida, onde o amor é o alicerce da comunhão.

II. AS FRUSTRAÇÕES DO PASSADO NÃO PODEM IMPEDIR SUA FELICIDADE HOJE (3.1)

Os problemas que nos afligem podem trazer-nos grandes transtornos: O marido e os filhos de Noemi haviam morrido prematuramente. Abraão morreu farto de dias. Jó viu os filhos dos filhos até a quarta geração. Mas Elimeleque e seus filhos morreram sem deixar sequer um descendente. A morte prematura traz grandes transtornos e profundas angústias. Um médico amigo, que perdera seu filho de dezessete anos, acadêmico de medicina, vitimado por uma doença súbita, chorava desconsolado dizendo não aceitar que seu filho tenha furado a fila e passado em sua frente. Aquele homem nunca conseguiu superar aquela dor que assolou seu peito.

Noemi agora não tem marido, não tem filhos, nem dinheiro. Parece que tudo havia acabado. Mas, das sombras espessoas do sofrimento brota uma luz de esperança. Das cinzas da derrota levanta-se um prenúncio de inaudita vitória. Nas miragens do deserto, ela vislumbra o oásis que lhe dessedentou a alma. Quando nossos recursos acabam os celeiros de Deus continuam abarrotados. Quando perdemos o controle, Deus continua nos conduzindo em triunfo.

Alguns fatos nos chamam a atenção:

1. As tragédias do passado podem produzir grande amargura em nossa alma (1.20)

Noemi partiu de Belém feliz e voltou amarga. Em dez anos ela perdeu seus bens, seu marido, seus filhos, seus sonhos. Ela quer mudar de nome. Noemi significa feliz, alegre. Ela quer ser chamada de Mara, amargura. Os problemas da vida podem azedar a nossa alma, podem roubar os nossos sonhos. Noemi perdeu a razão para sorrir. A felicidade fugiu da sua vida e ela começou a amargar uma tristeza sem consolo e uma dor sem cura. Torrentes caudalosas de perdas desabaram sobre sua casa. Avalanches rolaram dos penhascos alcantilados e inundaram sua vida, enchendo seu peito de dor e mágoa. Ela ergueu um monumento permanente para celebrar a sua dor. Ele trocou de nome. Ela reescreveu a sua história e a nova versão era mais sombria que a primeira.

2. As tragédias do passado podem embassar nossa percepção espiritual (1.21)

Noemi pensou que Deus estava contra ela. Ela estava olhando para a vida com lentes escuras e interpretando as providências divinas por uma perspectiva falha. Ela só conseguia ver o castigo de Deus e não a sua providência. Noemi não só estava triste, ela estava triste com Deus. Ela responsabilizou Deus pela sua tragédia. Noemi viu Deus como seu inimigo e não como seu refúgio. Ela pensou que Deus estava trabalhando contra ela e não por ela. Ela ergueu sua voz para extravasar sua mágoa contra Deus em vez de exaltar e glorificar a Deus.

Muitos ainda hoje, olham a vida pelo avesso. Enxergam as providências de Deus como um emaranhado de grande confusão sem nenhum propósito. Assim, perdem a doçura, perdem a alegria e perdem a comunhão com Deus. Vêem-no como carrasco e não como consolador. Encontram nele não abrigo, mas pesado tormento.

3. As tragédias do passado não são permanentes, a crise não dura para sempre (3.1)

Não apenas Noemi, mas Rute também tinha tudo para desesperar-se da vida. Ela era gentia. Ela havia perdido o sogro, o cunhado, o marido. Rute não teve filhos. Ela tem uma sogra viúva, pobre e desamparada. Ela está em terra estrangeira, longe da sua família. Naquela época ser viúva pobre era estar em total desamparo.

Mas quando você está no fim da linha, no fundo do poço, no esgotamento dos seus recursos, sentindo-se em terra estranha Deus pode intervir, pode mudar o cenário, pode abrir-lhe a porta da esperança. À pobre viúva Deus lhe deu não apenas um marido íntegro, bondoso e leal, mas um marido rico e cheio da graça de Deus. A providência divina lhe proporcionou não apenas uma casa farta de bens, mas também cheia de felicidade. Deus pode lhe fazer feliz ainda hoje.

4. A felicidade não está apenas em ter um cônjuge, mas um lar (3.1)

Noemi não buscou um marido para Rute, mas um lar. Muitos querem apenas se casar e por isso tomam decisões apressadas. É melhor ficar sozinho do que fazer um casamento precipitado. A Bíblia diz que do Senhor vem a esposa prudente. A Palavra de Deus diz que quem encontra uma esposa, achou a benevolência do Senhor. Não busque apenas um cônjuge, busque um lar!

O casamento é um passo muito sério para ser tomado sem reflexão. Um casamento precipitado pode ser motivo de mais dor que alegria, de mais choro que sorriso, de mais infelicidade do que prazer. Ouça os conselhos dos mais experientes. Tenha cautela na busca de um cônjuge. Você precisa de um lar e não apenas de um cônjuge.

III. A FELICIDADE DO LAR PRECISA SER EDIFICADA SOBRE O FIRME FUNDAMENTO QUE É DEUS (3.10)

1. A felicidade de Rute está no fato de que ela converteu-se primeiro a Deus, antes de buscar um marido (2.12; 2.16,17; 3.10)

Rute era uma moabita. Ela era adoradora de uma divindade pagã, o deus Camos. Ela não conhecia o Deus vivo. Mas logo que o seu marido morreu, ela deixou sua terra, sua parentela, seus deuses e abraçou o Deus da sua sogra. Ela converteu-se ao Deus vivo. Ela disse: “Aonde quer que tu fores, irei também; aonde quer que pousares, ali pousarei; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. onde quer que morreres, morrerei eu e ali eu serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” (1.16,17).

Um dos grandes problemas do casamento misto é que primeiro a pessoa busca o cônjuge antes de buscar a Deus; busca a sua vontade mais do que a vontade de Deus.

Porque Rute buscou a Deus em primeiro lugar, Deus lhe deu um marido crente, rico, generoso, e ela tornou-se avó do grande rei Davi e membro da genealogia do Messias. Deus honra aqueles que o honram!

2. A felicidade de Rute está no fato de que ao buscar a Deus em primeiro lugar, não apenas encontrou um marido, mas também um remidor (3.9)

Boaz foi para Rute um levir e um remidor. A Lei de Moisés requeria que quando um homem morria sem deixar filhos, um parente próximo poderia casar-se com a viúva (Dt 25.5-10), perpetuando assim o nome da família. Rute era um viúva sem filhos. Sua sogra não tinha mais filhos para ela desposar. Boaz, por sua vez, era um parente próximo de Elimeleque. Assim, ele estava qualificado para ser o remidor de Rute, casando-se com ela. O que é importante é que ele não só estava qualificado, mas também estava desejoso de casar-se com ela. Boaz perpetuou a descendência de Elimeleque e Malom, bem como tirou Rute e Noemi da pobreza. A Palavra de Deus diz: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do seu coração” (Sl 37.4).

A Bíblia diz que casualemente Rute foi rebuscar no campo de Boaz. Casualmente Boaz a viu. Casualmente ele se afeiçoou a ela. Porém, as nossas casualidades são expressas manifestações da providência divina (2.20). Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.

IV. A FELICIDADE DO LAR PRECISA PASSAR PELA INTEGRIDADE DOS CÔNJUGES (3.11)

1. Rute era uma mulher de grandes qualidades morais (3.11)

A felicidade de Rute foi pavimentada pela sua própria vida. Vejamos alguns atributos dessa jovem viúva moabita:

Em primeiro lugar, Rute era uma mulher convertida ao Deus vivo (1.16,17). Rute, à semelhança de Abraão, deixou sua parentela e foi para uma terra distante por causa da sua fé no Deus vivo. Deus passou a ser o seu Senhor. Rute buscou abrigo debaixo das asas de Deus (2.12) e Boaz a chama de bendita de Deus (3.10).

Em segundo lugar, Rute era uma mulher trabalhadora (2.2,15-17). Rute é uma mulher que tem expediente, que tem coragem para trabalhar e faz tudo quanto está ao seu alcance. Rute não era uma peça de porcelana, uma taça de cristal. Ela tinha fibra, tinha punhos de aço e mãos adestradas para o trabalho.

Em terceiro lugar, Rute era uma mulher que tinha um lindo relacionamento com sua sogra (1.16,17; 2.11,12,18,22,23; 3.1; 4.15). Rute fez uma aliança de amor com sua sogra. Noemi trata Rute como a uma filha. O amor e o cuidado de Rute por Noemi já era um fato conhecido na cidade de Belém (2.11,12). A fama de Rute a precedeu em Belém. Rute é uma mulher leal. Ela não despreza a sua sogra logo que as coisas começam a melhorar para ela. As duas têm um profundo amor uma pela outra. Noemi é conselheira de Rute; Rute, discípula de Noemi. Mesmo depois que Rute se casou e teve um filho, é dito sobre ela: “sua nora te ama e é melhor de que sete filhos” (4.15).

Em quarto lugar, Rute era uma mulher de bom testemunho em toda a cidade (3.11). Rute foi uma mulher que impactou a cidade não pela sua beleza, mas pelas suas virtudes. Sua beleza interior era mais esplêndida do que sua beleza exterior. O maior patrimônio que possuímos é o nosso nome, o nosso caráter. O bom nome vale mais do que as riquezas.

2. Boaz era um homem de grandes qualidades morais (3.8-10)

Três atributos de Boaz destacam-se neste texto:

Em primeiro lugar, Boaz era um homem íntegro (3.8-10). Uma mulher jovem, bonita, bem-vestida, perfumada, está aos seus pés à meia-noite. Se não fosse um homem íntegro teria abusado de Rute naquela circunstância. O maior desafio da integridade é quando nenhum olho está sobre você. O segredo mais secreto aqui na terra é um escândalo aberto no céu.

Um pastor que estava viajando para o exterior, resolveu beber. Depois da oitava dose, já com fala pastosa, pediu mais uma dose e a aeromoça lhe disse: “pastor, eu acho que o senhor devia parar”. A aeromoça era crente e conhecia o pastor.

Ricardo Gondim diz que Boaz manteve-se íntegro em duas circunstâncias diferentes:

Ser íntegro é manter-se fiel aos seus princípios às escondidas. O maior desafio da integridade é quando nenhum olho está sobre você. Boaz permanece íntegro depois de ter bebido vinho, à noite, no recesso da sua eira, tendo uma mulher bonita deitada aos seus pés. O conceito de integridade não é agir hipocritamente na presença dos conhecidos. Você é a pessoa que se revela quando está longe dos holofotes.

Ser íntegro é saber lidar com a vulnerabilidade do próximo. Há muitos que manipulam, exploram, aproveitam a fraqueza dos outros para tirar vantagem. Ser íntegro é ser respeitador. Boaz não se aproveita de Rute. Ele a abençoa. Ele a ama, mas quer fazer as coisas direito, no seu tempo. Ele sabe esperar!

Em segundo lugar, Boaz era um homem generoso (3.15-17). Boaz fazia mais do que a lei exigia. Ele ia além. Ele era generoso (2.15,16). Agora, Boaz não permite Rute voltar para sua sogra de mãos vazias. Ele é um abençoador. Ele tem seu coração cheio de generosidade e suas mãos abertas para ofertar. Você tem sido generoso na sua casa? Você é generoso com as pessoas. Tive o grande privilégio de hospedar-me certa feita na casa de um pesbítero na cidade de Brasília. Ele é um homem próspero e generoso. Ao descer do quarto para tomar o café da manhã, no domingo antes do culto, ele me deu um envelope. Pensei que se tratasse de algum pedido de oração. Quando abri, era uma oferta. Ele, então, me explicou: Deus tem me dado mais do que preciso. Ele tem sido generoso comigo. Então, resolvi que toda vez que hospedar uma pessoa ou encontrar um pastor, servo de Deus, darei a ele uma oferta de amor. Meu coração ficou comovido com aquele gesto e mais uma vez, vi cumprida a Palavra de Deus: “A alma generosa prosperará”.

Em terceiro lugar, Boaz era um homem leal (3.12,13). Boaz afeiçoou-se a Rute desde o primeiro dia em que ele a viu. As virtudes de Rute saltaram aos seus olhos e ele fez questão de revelar isso a ela e aos demais através da generosidade com que a tratou. Porém,quando Rute lhe pediu para ser o seu remidor, ele foi honesto com ela, dizendo que havia um outro que tinha a preferência na ordem de redimi-la. Boaz não fez nenhuma manobra nem lançou mão de nenhum artifício para buscar seus próprios interesses. Boaz era um homem de caráter.

V. A FELICIDADE NO LAR PRECISA PASSAR PELO CUIDADO DA BELEZA INTERIOR E EXTERIOR – (3.3,4)

1. Rute cuida da sua beleza interior (3.11)

Rute era uma mulher conhecida na cidade de Belém por sua integridade: “…toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (3.11). A Bíblia diz: “Enganosa é a graça e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada” (Pv 31.30). A Palavra de Deus ainda afirma: “Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (1Pe 3.3,4).

A Bíblia diz: “…as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada, e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras como é próprio às mulheres que professam ser piedosas” (1Tm 2.9,10).

As virtudes de Rute são mais destacas que os seus dotes físicois. A base de um casamento feliz não é a beleza física. Essa acaba com os anos. As rugas chegam. Os cabelos ficam brancos. O nosso vigor murcha como uma flor à expoção do calor do sol. Mas a beleza interior resplandece ainda mais.

2. Rute cuida da sua beleza exterior (3.3,4)

Rute quer constituir um lar. Ela quer perpetuar a memória do seu sogro e do seu marido. Naquela época um homem morrer sem deixar descendência era acabar de vez com o sonho de fazer parte da descendência do Messias.

Rute, então, prepara-se como uma noiva para o seu casamento. Ela se unge, veste seus melhores vestidos. Rute procura um marido, um lar feliz, mas se prepara para isso. Ela se cuida. Ela cuida da sua aparência. O homem é despertado pelo olhar. Os homens gostam de olhar e as mulheres gostam de ser olhadas.

Alguns pontos merecem destaque aqui:

Em primeiro lugar, Rute seguiu à risca as orientações da sua sogra, uma mulher mais experiente (3.5,6). Noemi era uma mulher experiente. Ela já estava velha para se casar, mas ainda sabia as regras mais adequadas para se conquistar um homem de caráter. Obeceder os conselhos das pessoas mais experientes pode pavimentar o caminho da felicidade.

Em segundo lugar, Rute associa a apresentação pessoal com prudência (3.3). Rute preparou-se para encontrar-se com Boaz. Havia outros homens que não teriam hesitado em se casar com ela (3.10), mas estes não poderiam tê-la redimido. Somente um parente resgatador poderia fazer isso, e Boaz era esse parente. Nessa preparação Rute fez cinco coisas: lavou-se, ungiu-se, trocou de roupas, aprendeu como apresentar-se a Boaz prometeu obedecer. Rute está bem-vestida e perfumada, mas espera a hora certa de fazer a abordagem a Boaz. A paciência é a primeira característica do amor. A precipitação pode botar tudo a perder. Hoje temos dois extremos: desleixo ou sensualidade. A sensualidade não pode tomar o lugar da pureza interior e do recato. Rute deita-se aos pés de Boaz e não no colo dele.

Em terceiro lugar, Rute é ousada na sua abordagem, mas recatada em seus gestos (3.4,8). Ela não espera o milagre de um casamento assentada em sua casa. Ela vai na direção de Boaz. Ela caminha na direção da realização do seu sonho. Ela não fica passiva, de braços cruzados esperando algo acontecer. Ela toma a iniciativa. Porém, Rute não se joga sobre Boaz, deitando em seu colo. Ela se deita ao seus pés. Ela não seduz Boaz com seus dotes físicos, mas conquista seu coração pelas suas virtudes morais.

Em quarto lugar, Rute é específica e elegante no seu pedido de casamento (3.9). Ela pede a Boaz para lançar sobre ela a sua capa, porque ele era o candidato legítimo e legal para casar-se com ela e suscitar uma descendência legítima à família de Elimeleque. Ele era o resgatador. Leon Morris diz que “atirar o manto sobre uma mulher seria pedi-la em casamento”. David Atkinson na mesma linha de pensamento, citando Ezequiel 16.8, diz que estender a capa era um delicado pedido de casamento. Rute havia se colocado sob as asas de Iavé (2.12). Agora, ela procura colocar-se sob as asas de Boaz (3.9). A palavra para “manto” que apareci aqui em Rute 3.9 é a mesma palavra “asas” que aparece em Rute 2.12.

Em quinto lugar, Rute e Baoz são puros no seu agir (3.14). É importante observar que Boaz e Rute só se relacionaram sexualmente depois do casamento público (3.14; 4.13). Isso está de acordo com o princípio de Deus em Gênesis 2.24. Sexo antes do casamento está em total desacordo com os princípios de Deus!

VI. A FELICIDADE NO LAR PASSA PELA OBEDIÊNCIA AOS SÁBIOS CONSELHOS (3.5)

A felicidade passa pelo mentoreamento das pessoas mais experientes. Noemi torna-se conselheira de Rute e Rute discípula de Noemi. Algumas coisas nos chamam a atenção:

Em primeiro lugar, a obediência de Rute (3.5). Noemi orienta, sua nora obedece. Os costumes judaicos do levirato eram estranhíssimos para Rute, mas ela obedece. O grande fruto da fé é a obediência. A Bíblia fala do conselho de uma empregada doméstica na casa do comandante da Síria. Ele foi curado da sua lepra ao atender o conselho do profeta Eliseu de mergulhar no Rio Jordão sete vezes.

Muitas pessoas sofrem porque seguem conselhos errados, buscam fontes venenosas. Mas o bom conselho, na hora certa, com a motivação certa pode ser uma bênção.

A Bíblia diz que as mulheres mais velhas devem ensinar as mais novas a amarem seus maridos: “quanto às mulheres idosas… sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovem recém-casadas a amarem ao marido e aos seus filhos” (Tt 2.3,4).

Em segundo lugar, a humildade e o recato de Rute (3.9). Boaz já tinha se agradado de Rute no campo. E ela sabia disso, as mulheres percebem essas coisas, mas quando ele lhe pergunta: ela responde “tua serva”. Ela não disse: “tua paixão, o novo amor da tua vida”.12 Agostinho disse: “O orgulho trasnformou anjos em demônios, a humildade trasnforma homens em santos”.

Em terceiro lugar, a confiança de Rute em Deus (3.10). Rute não saiu correndo atrás de nenhum jovem ou qualquer outro homem. Ela dirigiu-se a Boaz e por isso foi abençoada. Ela confiou na providência divina e Deus a honrou. Ela não manipulou nem engendrou artifícios. Ela não fez nenhuma armação, mas agiu de acordo com a orientação recebida de sua sogra.

Em quarto lugar, o descanso de Rute na promessa de Boaz (3.11). Boaz empenhou sua honra e sua palavra de que cumpriria os desejos do coração de Rute e trabalharia na direção de atender plenamente o seu pedido. A razão que ele apresenta é a excelente reputação de Rute. Ela tornara-se muitíssimo popular entre todos os habitantes da cidade. Todos sabiam das suas excelentes qualidades morais.

Em quinto lugar, a paciência de Rute (3.18). Noemi era uma profunda conhecedora da natureza masculina. Afinal de contas, ela convivera com três homens em sua casa, seu marido e seus dois filhos. Ela sabia que Boaz já estava ligado emocionalmente a Rute. Ela sabia que ele não descansaria até desembaraçar-se das questões legais e desposar Rute e tê-la para si. A paciência de Rute era um ingrediente fundamental no processo para a consumação daquele feliz casamento. Quem ama sabe esperar.

CONCLUSÃO

O livro de Rute nos ensina que o caminhado da felicidade é traçado pela mão soberana da providência. William Cowper disse que “por traz de toda providência carrancuda, esconde-se uma face sorridente”.

Deus mudou a sorte de Noemi e de Rute. Elas foram consoladas. Deus ainda continua transformando o desespero em porta da esperança e a amargura em felicidade. Deus continua transformando a pobreza em riqueza e a solidão em cenários de abundante felicidade.

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